Quando você começa a trabalhar como designer gráfico e digital e consegue o primeiro trabalho, surgem alguns sentimentos confusos. Primeiro é tudo muito legal, alguém quer que você seja responsável por criar características visuais que vão ser a cara do negócio dele. Mas caramba, e se der alguma coisa errada? Às vezes o próprio designer é o pior crítico que ele vai ter, e o primeiro trabalho de criação no mundo real pode ser bem confuso.
Aí vem alguém e pede pra você criar uma Identidade Visual. Espera aí, você nem se sentia pronto pra criar uma coisa só, imagina uma identidade completa. Por isso a gente juntou algumas dicas que vão ajudar você a se libertar desse medo, entrar no processo criativo, e fazer uma identidade visual bem bacana.
1. O que faz parte da identidade visual?
Antes de criar uma identidade visual você precisa saber o que ela envolve. É só o logo? Tem que ter templates? Você vai precisar fazer um mestrado em psicologia e um doutorado em marketing para conseguir criar algo assim?
É mais simples do que parece, mas nem tanto. Criar uma identidade visual é definir tudo o que o público vai ver quando olhar pra a marca. Ela é amigável, moderna, acolhedora? Ela faz com que você se sinta à vontade, te dá um senso de urgência, passa confiança ou diversão? Tudo isso é importante na criação da identidade, porque é quando o público olhar para o conjunto de tudo o que você apresenta que ele vai saber como se sentir em relação à marca.
Sim, é possível usar estímulos visuais para definir e transmitir ideias abstratas como conforto e felicidade, e você vai fazer isso como um mestre. O conceito de criação de uma identidade visual pode ser bem simples: você tem que saber quem é o seu público para poder criar para ele. O material que o cliente vai fazer para inserir essa identidade, ele define no briefing.
2. Entre no universo do seu público
Agora que você sabe quem é o seu público, você pode criar um personagem que o represente. Nesse caso a gente pode chamar a personagem de Júlia. Pronto, agora é a hora de descobrir do que a Júlia gosta e se tornar amigo dela. Mas você não pode ser um colega de faculdade que de vez em quando bate um papo interessante, e sim o melhor amigo que a Júlia já teve. Vocês têm que tirar fotos juntos e mandar pra todo mundo no Snapchat com um BFF bem grande no meio.
Um bom jeito de fazer isso é procurar quais são as dificuldades que a Júlia tem na vida e como a marca que você está ajudando a criar participa nisso. Se ela tem problemas, você entende e tem empatia, afinal vocês são amigos. Alguma coisa a deixa feliz? Isso também te deixa feliz, e você gosta de conversar com ela sobre esse assunto. Acompanhe redes sociais, leia tudo o que a Júlia diz, aonde ela vai, o que ela come, e quais são seus hobbies. Sim, você vai parecer um louco sendo stalker de uma pessoa que não existe.
Criar a Júlia te ajuda a saber como seria a sua personalidade, e como você pode se relacionar diretamente com o seu público. Agora que você sabe com quem vai falar, já pode começar o resto da pesquisa.
3. Comece a pesquisar
Sabendo quem você é já te deixa bem mais próximo do seu público. Mas agora é a hora de ver como são as outras marcas que tentam interagir com ele ao mesmo tempo que você. Como elas conversam? Qual a personalidade delas? Sabendo isso você pode aperfeiçoar a idéia da identidade visual que está criando.
Todo designer gráfico sabe como é triste receber um briefing mal feito, e mesmo quando ele parece estar lindo, brilhante, e tão completo que tem letras gigantes na capa dizendo “Não Entre em Pânico”, você sempre pode achar um pouco mais do que o cliente te conta.
Tente saber o máximo sobre o público, os concorrentes, e qual o propósito da marca antes de começar a criar a identidade visual.
4. Hora do brainstorm
Se você estiver criando uma nova identidade visual com um grupo de designers gráficos: peça uma pizza, junte todo mundo em uma sala, e comecem a jogar as ideias mais espetacularmente absurdas que passarem pelas cabeças de todo mundo no papel. Não importa o quão sérias ou estúpidas elas possam ser, tudo vale nessa hora. Depois que fizerem isso, peguem todas essas ideias, discutam, e escolham as mais interessantes.
Se você for um designer gráfico que está criando a identidade visual sozinho: peça uma pizza, faça todo o processo sozinho, e seja ainda mais feliz por ter feito tudo isso comendo uma pizza inteira.
5. Coloque os primeiros conceitos no papel
Pegue lápis e papel, computador, tablet, pincéis, tela, ou o que você quiser, e comece a dar forma para suas ideias favoritas que saíram do brainstorm. O negócio aqui é deixar o processo fluir, então escolha a forma que te deixa mais livre e confortável para criar e comece a fazer esboços. Depois dos primeiros 500 você já deve ter uma ideia do caminho que a sua criação vai seguir.
6. Saiba escolher as cores
Cada cor tem diferentes significados para culturas distintas. Elas também são responsáveis por respostas sensoriais e ditam a forma como as pessoas se sentem em relação a uma marca. Mas como você já sabe do que a Júlia gosta, fica muito mais fácil escolher as cores que vão agradar ela nos momentos certos.
Algumas associações bem estabelecidas na cultura ocidental são:
- Azul: Transmite confiança e responsabilidade, por isso é bem usada por bancos.
- Vermelho: Mostra paixão e intensidade. Junto com Amarelo e Laranja, chama a atenção quase instantaneamente, mas se não for usada com cuidado pode incomodar.
- Verde: É o crescimento, a onda ecológica, e normalmente é associada a produtos naturais.
7. Use a tipografia adequada
Na hora de criar ou escolher a tipografia, tenha bom senso. A briga aqui vai muito além de não usar Comic Sans para nada na vida - ou para tudo - e é muito importante que assim como o resto da identidade visual ela transmita a mesma mensagem e personalidade. Não use Brush Script no site da seguradora de carros e nem Arial nos títulos de um portal de jogos, você é melhor do que isso.
Se for criar a tipografia do zero, pense nos mesmos padrões que você definiu com os conceitos.
8. Coloque tudo junto
Agora que as coisas estão ficando prontas, é hora de começar a juntar elas e avaliar como se comportam lado a lado. Se não ficar satisfeito com o resultado, ainda dá tempo de mudar. É agora que você vai avaliar o que pode ser alterado para manter a idéia da identidade visual e fazer tudo se encaixar perfeitamente.
Observe como as cores se comportam, como o logo se relaciona com a tipografia e com as imagens escolhidas, e nunca deixe de analisar a mensagem que está sendo transmitida.
9. Use seu público de cobaia
Quando você achar que as coisas estão bem consolidadas, faça 3 versões finais da identidade visual. Agora procure as Júlias da vida real, converse com o público-alvo e veja como ele reage às diferentes versões. Com qual delas ele se identifica mais? Qual é mais agradável? O que é mais interessante e o que ele não gosta?
Sabendo disso, você pode fazer as últimas mudanças e deixar a identidade visual perfeita. Sim, você é um designer gráfico e nunca vai achar que ela está perfeita de verdade, sempre vai dar pra mudar ou melhorar alguma coisa, mas vai chegar a hora de apresentar suas ideias para o cliente e você vai ter que lidar com isso.
10. Faça uma apresentação surreal
Use todas as técnicas que você adquiriu na vida para apresentar o projeto da maneira mais surreal que conseguir. Faça sua identidade visual ser desejada, assista vídeos do Steve Jobs dizendo "One more thing..." para se inspirar, venda seu design como se ele curasse o câncer.
Agora que você conseguiu criar sua primeira identidade visual vai se sentir o melhor designer gráfico do mundo por algum tempo. Tempo esse que é mais ou menos o suficiente para tomar um café, e se desesperar com o e-mail de um novo cliente que ouviu falar da sua apresentação incrível e quer que você crie pra ele também.
Gostou das dicas? Não deixe de comentar e contar pra gente como foi a sua criação.