Os jogos digitais são uma das formas mais populares de diversão dos jovens. Uma pesquisa feita pela Zewzoo, empresa de estudos de mercado focada em jogos digitais, mostrou que o Brasil é o 4º país com mais jogadores no mundo, com 35 milhões. Esses jogos digitais, também conhecidos como games, englobam as mais diversas plataformas: computadores, consoles, smartphones, tablets, dispositivos mobile ou portáteis. O NPD Group constatou que cerca de 82% da população do país entre 13 e 59 anos joga algum tipo de game.
O jovem brasileiro gasta cerca de 19 horas por semana jogando. O prazer de jogar está no “faz de conta”, pois dentro desses jogos você pode fazer coisas que são proibidas na vida real. Quando um jovem entra nesse mundo, ele ganha certa liberdade, pode causar destruições ou construir coisas novas, ser um herói ou um bandido, comandar impérios e pessoas. A chance de conhecer universos diferentes, ir para outras épocas, fazer ações que são impossíveis no mundo real, encanta o jogador, e isso tudo influencia a vida dos jovens.
Patrick Medeiros, 19 anos, é gamer e joga desde criança. Encontrou nos jogos ajuda para lidar com a depressão e a ansiedade. “Os jogos mudaram muito o jeito que eu vejo o mundo, me ensinaram mensagens importantes pra formar o meu caráter, além de desenvolver minha lógica e velocidade de raciocínio. O ponto negativo é o possível vício que um jogo pode levar, a pessoa pode até gastar uma grana absurda com isso”.
Além de ajudar com seus problemas de depressão e ansiedade, também melhorou a relação com seus pais, que até já chegaram a jogar com ele. Através dos jogos ele fez amigos pelo mundo todo. “Sei que se eu visitar o país de tal pessoa, ela estará lá para sair comigo e tomar um café”, conta Patrick. Outra boa influência dos jogos é o ensino de outras línguas, o gamer ficou fluente no inglês apenas jogando. “Aprendi muito mais inglês com os jogos do que na escola”.
Guilherme Rezende, 19 anos, também é gamer e aprendeu muito sobre culturas de outros países com os jogos. Melhorou o inglês, trabalhou a sua memória, pensamento rápido e a capacidade de trabalhar em equipe. De negativo, diz que só o dinheiro gasto, pois no Brasil os preços são muito mais altos que no exterior. Mesmo assim, ele acha que não foi um dinheiro mal investido. “Um exemplo disso são os jogos japoneses, os orientais acabam inserindo muito de sua cultura nos jogos. Além disso, muitos jogos acabam retratando acontecimentos históricos. Assassin’s Creed provavelmente sendo o mais famoso atualmente, o novo God Of War, retrata a mitologia nórdica, algo que eu não conhecia muito e o jogo me incentivou a estudar mais sobre o assunto”.
Sobre o ensino de outras línguas, Guilherme começou a fazer curso de inglês porque queria entender o que os personagens dos jogos estavam falando. Até conheceu um grupo de jogadores num fórum que buscou aprender sobre um idioma nórdico antigo para decifrar o que dizia num mural de jogo no qual eles estavam jogando. Os jogos também afetaram a relação com a sua família, positivamente e negativamente. Ele lembra de passar horas jogando com seu pai quando era menor, e isso os uniu muito, porém, isso também já causou certas discussões na família pois eles achavam que ele passava tempo demais no videogame.
Guilherme desenvolveu conhecimento tecnológico através dos games, chegou até a fazer curso de Game Designer. “Você pode simplesmente jogar o jogo, ou se interessar mais em como ele foi feito, como é o meu caso. Assim como no cinema, existem alguns making offs que nos mostram mais sobre o desenvolvimento de determinado jogo, isso nos dá uma ideia sobre o processo de criação e programação. Além disso, por eu jogar no computador, tive que montar o meu PC para suportar os jogos, então tive que aprender o básico sobre hardware”.
O aspecto mais positivo em relação aos jogos, para Rezende, é o fato de ter feito grandes amigos neste mundo. Graças aos games online, fez amigos que, mesmo nunca tendo os visto pessoalmente, ainda assim tem um grande carinho por eles. A sua adolescência é repleta de memórias de noites em claro jogando com seus amigos. Os jogos tem grande potencial e podem facilitar a criação de amizades e a diversão entre amigos.
Fonte: Jornal Cobaia