São Paulo – Com 66,3 milhões de jogadores e receita de US$ 1,3 bilhão em 2017, a indústria de games no Brasil está deixando a adolescência para entrar na idade adulta. Com previsão de movimentar globalmente US$ 128,5 bilhões até 2020, e atingir 28,4% da população mundial, o mercado de jogos virtuais já é um negócio de gente grande e estratégico para países como China, Estados Unidos e Japão.
No Brasil, o governo começa a olhar com interesse esse movimento e prepara uma política efetiva para impulsionar o desenvolvimento do setor. Responsável pela área, o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, prometeu para breve o anúncio de novas linhas de investimento em formação, capacitação, produção e comercialização de jogos. Segundo ele, o setor de games pode contribuir para o desenvolvimento do país por seu potencial gerador de criação de
Nos últimos 10 anos, o número de empresas desenvolvedoras no país saltou de 43 para mais de 300, segundo dados da Abragames, associação que reúne as empresas do setor. Atualmente, o Brasil ocupa a 13ª posição no ranking mundial e o 2º lugar entre os países da América Latina, região que responde por 4% do faturamento de US$ 108,9 bilhões registrado no ano passado.
“Esses números são um sinal evidente do crescimento do setor de games no Brasil”, diz o ministro Sá Leitão. “Há um boom não apenas no consumo, mas também na criação e no desenvolvimento de games originais nos mais variados segmentos do mercado”, diz o chefe da Cultura, que pela primeira vez fez parte da delegação brasileira no GDC 2018, maior encontro anual de desenvolvedores de jogos eletrônicos profissionais.
Até agora, o Ministério da Cultura, por meio da Agência Nacional de Cinema (Ancine), tem aberto editais para incentivar com recursos projetos de empresas brasileiras. No ano passado, a Ancine colocou R$ 20 milhões à disposição das empresas de games. A Finep (Empresa pública brasileira de fomento à ciência, tecnologia e inovação) é outra que tem colocado dinheiro em startups de várias áreas, inclusive desenvolvedores jogos eletrônicos.
No ano passado, 53 empresas receberam aportes de até R$ 1 milhão. O investimento se dá por meio de contrato de opção de compra de ações pela fomentadora. Secretarias estaduais de Cultura também têm programas de auxílio à indústria de games, como é o caso de São Paulo, que tem o programa SPCine e a Desenvolve SP Paulo (a agência de fomento paulista), que tem apoiado os desenvolvedores no estado.
Ainda é pouco, mas o sucesso dos games brasileiros no mercado internacional tem ajudado a despertar o interesse de novos investidores. Tanto é assim que a participação das empresas nacionais no GDC 2018, maior evento da indústria global de games, realizado no mês passado em São Francisco (EUA), foi a maior da história, com 44 empresas e mais de 120 profissionais.
Apoiados pelo Brazilian Game Developers (BGD), que tem como parceiros a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e a Abragames, os brasileiros trouxeram alguns prêmios do evento. As empresas Rogue Snail e Bad Minions ganharam menções honrosas com seus jogos. A Rogue Snail recebeu o GDC Pitch, que é uma rodada em que o desenvolvimento do jogo é apresentado a investidores.
“Essa vitória abriu muitas portas para nós”, afirma, Marcos Venturelli, de 31 anos. Junto com outros dois sócios da Rogue Snail, desenvolveram o Game Relic Hunters Legend, jogo de estratégia de caçadores de relíquias. Os prêmios deixaram Venturelli mais otimista em relação a 2018, especialmente depois da notícia de o governo ter demonstrado disposição para investir na profissionalização da indústria brasileira de games. Há mais de 10 anos desenvolvendo jogos, Venturelli já captou cerca de R$ 1,1 milhão e se prepara para uma nova rodada de investimentos. “Esperamos que nossos problemas de financiamento se resolvam para nos preocuparmos só em desenvolver os jogos”, diz ele.