Existem diversas etapas e camadas técnicas no caminho entre uma ideia e um game completo.

Em um FPS como Call of Duty, diversas funções precisam ser desempenhadas, como o caminhar dos personagens, a física dos ambientes e personagens, a inteligência artificial dos boots, dentre outras, para que o jogo funcione. Criar tudo isso não é nada fácil. Mas para auxiliar nisso, foram criadas as engines gráficas.

Mas afinal, o que é isso?

Uma Game Engine é uma biblioteca, ou pacote de funcionalidades, feita para facilitar o desenvolvimento, fazendo que nem tudo no jogo precise ser feito totalmente do zero.

Geralmente esses pacotes são utilizados na modelagem e na renderização de imagens 2D e 3D, além de trazerem um motor de física, que ajuda no sistema de colisões de personagens, suporte a animações, sons, inteligência artificial dos inimigos e suporte à linguagem de script.

Mas como era a vida antes das Game Engines?

Antigamente, era praticamente impossível aproveitar o trabalho feito para criar um jogo de uma plataforma para transportá-lo para outra. Os códigos tinham que ser reprogramados quase que por completo. Nessa época, um jogo feito para um videogame teria que ser basicamente refeito para existir uma versão de PC, por exemplo.

Isso começou a mudar com o lançamento da Freescape, a primeira engine da história, criada pela Incentive Software, na década de 80. A primeira produção feita com ela foi Driller, lançado em 1987, e Dark Side, feito no ano seguinte.

Mas como era tudo novo, nem o nome “Game Engine” ainda existia. Isso só pegou mesmo na década de 1990, com a popularização dos FPS, encabeçada por Quake, Doom e Wolfenstein 3D. A partir daí, diversos títulos utilizaram o mesmo motor desses games para seus títulos, alterando as armas, cenários, inimigos, mapas e um pouco da história.

Mas como é feito um motor de games?

Desenvolver uma Game Engine é muito caro e trabalhoso, tendo a necessidade de dezenas de programadores escrevendo milhares de linhas em C#, Java e Python, para que um motor de jogos seja criado. Hoje, a maioria dos que existem no mercado, foram feitos para um título específico e depois foram liberados para o público em geral. Os preços variam muito, alguns podem ser gratuitos, já outros podem custar até mesmo mais de 30 mil dólares! Porém, muitas delas têm um plano gratuito para estudantes ou jogos não-comerciais.

Conheça alguns dos motores de jogos mais utilizados pelo mercado.

Unreal UDK

Em 1998 a Epic Games lançou o Unreal, seu game de tiro em primeira pessoa. Os desenvolvedores curtiram tanto o motor do jogo, que a Epic Games passou a utilizá-lo em outras produções como Deus Ex, Tom Clancy's Rainbow Six 3, Gears of War, Bioshock, Batman: Arkham Asylum, dentre outros. Em 2012, foi lançada a Unreal Engine 4, que suporta a criação de jogos para Windows, Linux, Mac OS X, Xbox, PlayStation, iOS, Android e para web, graças ao HTML5.

Blender Game Engine

O Blender foi desenvolvido pelo estúdio de animação holandês NeoGeo Studio. Em 1998, Ton Roosendaal, seu cofundador criou uma nova companhia, a Not a Number, para desenvolver e distribuir o programa. Porém a empresa acabou falindo em 2002, e com isso, a mesma acabou lançando o programa como código aberto, graças a uma campanha de financiamento coletivo. O programa também é muito utilizado para modelagem e renderização 3D e também se integra a outros programas como Photoshop e 3ds Max. Um dos games mais aclamados feitos na ferramenta é o Yo Frankie!, que foi criado por entusiastas do Blender e está disponível pra download gratuito.

CryEngine

Originalmente o que era pra ser apenas uma demonstração de tecnologia da NVidia acabou virando um jogo: Far Cry. Com isso, a CryEngine nasceu, pelas mãos da Crytek. Após isso, diversos games foram criados com essa ferramenta, tais como Sniper: Ghost Warrior 2, Ryse: Son of Rome e Crysis 1, 2 e 3. Em 2013 foi anunciada a CryEngine 4, que adiciona suporte ao Linux, PlayStation 4, Xbox One e Wii U, além de diversas melhorias em seu sistema. Para demonstrar o poderio da ferramenta, um artista turco decidiu recriar o Emirates Stadium, casa do Arsenal, com a CryEngine. Incrível, concorda? ;)