O paulista Gabriel Todelo, de 26 anos, andava na tarde de domingo (04/03) pela arena de esportes Spodek, no sul da Polônia, tendo de fazer pausas frequentes. Não demorava muito para alguém pedir uma foto. O rapaz logo atendia aos pedidos — e os fãs saíam contentes carregando a selfie no celular. O estádio em questão recebeu o Intel Extreme Masters (IEM), um dos mais conhecidos campeonatos de esporte eletrônico do mundo. E Gabriel (ou melhor, “FalleN”, como é conhecido) é hoje um dos jogadores mais admirados no meio.
Ele joga profissionalmente Counter-Strike: Global Offensive, game que é febre no Brasil. Junto com outros quatro brasileiros, FalleN forma a equipe de CS:GO do time alemão SK Gaming. O time não levou a melhor nesta edição do IEM, mas tem na bagagem troféus suficientes para ter sido considerado a melhor equipe de CS:GO em 2016 e em 2017.
Não impressiona que eles tenham alcançado patamar de celebridade nesse universo — sobretudo porque público não falta. Campeonatos de eSports já contam com mais de 145 milhões de entusiastas pelo mundo, além de 192 milhões de pessoas que os assistem ocasionalmente, segundo dados da empresa de pesquisa Newzoo.
Ainda assim, engana-se quem pensa que a fama vem com pouco suor. A Época NEGÓCIOS conversou com FalleN para conhecer a rotina de um atleta dos eSports, e compilaram as cinco lições mais importantes que tiraram da conversa. Dica: serve mesmo que você não seja jogador.
Ter disciplina: FalleN e seu time seguem uma rotina rígida de treinamento. Eles moram juntos em uma casa na Califórnia, nos Estados Unidos, e treinam até seis horas por dia em grupo, além de jogar partidas online ocasionais algumas vezes por semana. Se é época de campeonato presencial, o treino é intensificado. “Sempre nos preocupamos em melhorar a parte de estratégia do time, e tentamos aprender coisas novas ao praticar com adversários”, diz o jogador.
Viver sob pressão: Os rapazes participam de cerca de 16 campeonatos por ano. Nessas ocasiões, são assistidos por milhões de pessoas pela internet. É preciso não perder o foco. “O fato de ter tanta gente olhando para você faz com que, principalmente os jogadores mais jovens, sintam essa pressão e comecem a duvidar sobre o que precisa ser feito. E isso afeta o jogo”, afirma FalleN. “Mas, com o tempo, é algo que você aprende a administrar. Não é que não afete mais, só que agora é costume.”
Saber lidar com feedback: Ter de ler comentários raivosos na internet sobre o seu trabalho está longe de ser algo fácil. FalleN tem quase 800 mil seguidores no Twitter — haja gente para comentar. É necessário saber filtrar o que realmente importa. “Há um número X de pessoas que vêm descontar a raiva delas. Aí, você tem duas opções: ou absorve essa energia negativa ou lembra que, de todos os fãs que te acompanham, uma parcela muito pequena está vindo reclamar. Se você ficar pensando muito nas mensagens negativas, isso te afeta.”
Trabalhar em equipe: Completam o time da SK Epitácio “TACO” de Melo, Fernando “fer” Alvarenga, Marcelo “coldzera” David e Ricardo “boltz” Prass. Trabalhar com tanta proximidade pode ser desafiador, mas é importante que a equipe esteja alinhada, apesar de qualquer obstáculo. “Gostamos de estar juntos, é um grupo muito bom de conviver”, diz FalleN. “Acho que só dá certo porque todos têm uma mentalidade muito positiva ao trabalhar os problemas e sabem assumir a responsabilidade se estão fazendo algo errado.”
Diversificar sua atuação: Além de atleta, FalleN é empreendedor. Ele criou a Games Academy, uma espécie de curso para se tornar jogador de eSport. “A ideia é criar novos talentos e fomentar a criação de novas equipes. Mais de 650 mil pessoas já passaram pelo projeto”, afirma. Além dessa iniciativa, ele também tem a linha de produtos GFalleN, com acessórios personalizados para gamers, os chamados equipamentos periféricos. “Assim como o jogador de futebol compra chuteira, o jogador de Counter-Strike precisa de um mouse adequado, mousepad, fone de ouvido…”
Fonte: Época Negócios