Se você não mora em uma caverna, com certeza já viu alguma animação da Disney em algum momento da sua vida. Pode ter sido a Branca de Neve - que está prestes a completar seus 90 anos de idade - ou produções mais recentes como Frozen, que juntaram o que os artistas 3D têm de melhor para produzir mais um longa de bilheteria histórica. Mas independente da forma como elas foram feitas, todas têm uma coisa em comum: elas obedecem os 12 princípios da animação.
É isso mesmo, artistas 3D e animadores obedecem algumas regras estabelecidas na hora de produzir suas animações. São elas que fazem públicos inteiros acreditarem na existência daqueles personagens cativantes e que tornam seus movimentos agradáveis ao olhar. Esses princípios buscam imitar na produção digital - ou originalmente na folha e papel - movimentos que vemos no dia a dia e que não são “estranhos”ao olhar. A Disney chegou a criar um livro chamado Disney Animation - The Illusion of Life, que junto ao Animator’s Survival Kit é referência obrigatória para um artista 3D ou animador.
Nesse post você vai conhecer um pouco mais os 12 princípios da animação, e entender como eles ajudam a criar produções de qualidade que geram interesse e mostram personagens interessantes.
1. Comprimir e esticar - Squash and Stretch
O primeiro princípio da animação todo mundo que já assistiu a um desenho animado conhece. Quando o personagem cai de um abismo e é achatado enquanto se espalha pelo chão, você percebe o Squash and Stretch em ação. Uma bola pulando, um soco, e até mesmo um bocejo trabalham com esse conceito. A ideia desse princípio é que o objeto ou personagem precisam manter a massa geral quando mudarem de forma, por isso, se você comprime de um lado, o outro estica.
2. Antecipação - Anticipation
Na animação - assim como na vida - toda ação precisa de alguma antecipação que mostre ao espectador o que vai acontecer em seguida. Se seu personagem vai correr, ele não pode simplesmente sair em alta velocidade: precisa se preparar e tomar impulso. Esse movimento é chamado de antecipação.
3. Encenação - Staging
Assim como no teatro e no cinema, a encenação do personagem - e a direção de cena - são essenciais para uma animação de qualidade. Esse princípio mostra que é necessário transmitir emoções, ações, e situações com a maior clareza possível para que os espectadores entendam mais facilmente o que está acontecendo na tela. Isso pode ser feito através da posição de câmeras virtuais escolhida por um artista 3D ou da expressão facial do personagem.
4. Animação pose-a-pose ou direta - Straight Ahead and Pose to Pose
Esse princípio mostra as duas formas principais que animadores usam para criar uma cena. A animação pose-a-pose é quando são desenhados os principais movimentos de uma personagem (em keyframes), como: sentado, em pé, preparando o salto, e saltando. Com essas 4 posições em mãos, o animador desenha então os quadros necessários para fazer a transição entre eles. Já no modelo direto, o artista anima o personagem quadro a quadro, podendo criar novos movimentos à medida que desenha.
5. Sobreposição e continuidade da ação - Follow through and Overlapping
O princípio de sobreposição e continuidade da ação trabalha com a ideia de que nenhuma ação para imediatamente de forma completa. Para deixar os movimentos mais naturais, os animadores exageram um pouco as leis da física, e fazem com que diferentes partes do corpo ou do objeto se movam em velocidades específicas, o que pode ser facilmente visto quando o personagem enfrenta uma parada brusca.
6. Aceleração e desaceleração - Slow In and Slow Out
A aceleração e desaceleração definem a velocidade inicial e final de cada um dos movimentos do personagem. Para que a animação seja interessante, é importante trabalhar para que cada ação tenha seu tempo de "entrada" e “saída" através do número de quadros entre os keyframes definidos no começo e no final de cada ação. Quanto mais quadros entre dois pontos na linha do tempo, mais tempo a ação demora para acontecer.
7. Movimento em forma de arco - Arcs
Utilizar arcos para definir a trajetória de movimentos faz com que eles pareçam mais naturais e realistas. As animações da Disney perceberam que essa ideia é presente em diversas ações no mundo real, como em saltos e nos movimentos dos braços e pernas.
8. Ação secundária - Secondary Action
Alguns objetos ou personagens são inseridos em cenas que envolvem diferentes ações acontecendo ao mesmo tempo. É o clássico desenho de um palhaço andando de triciclo enquanto faz malabarismo: são movimentos diferentes que ajudam a contar a mesma história, sem interferir um ao outro.
9. Temporização - Timing
Quanto maior o número de quadros desenhados entre dois keyframes, mais lento será o movimento. A temporização utiliza essa ideia para definir diferenças de velocidade que fazem com que os movimentos pareçam mais reais e obedeçam às leis básicas da física.
10. Exagero - Exaggeration
Junto à encenação, o exagero é o que ajuda a mostrar um pouco mais da história ao público. Para que isso seja transmitido de forma simples, esse conceito faz com que expressões faciais e movimentos simples na vida real sejam extrapolados. Assim, os espectadores conseguem rapidamente entender o que se passa na tela, e a animação ainda conta com um elemento cômico.
11. Desenho volumétrico - Solid Drawing
Mesmo em animações tradicionais - que normalmente são chamadas de “animação 2D” - os artistas criavam desenhos que tentam passar sensação de volume e profundidade. Isso ajuda a passar uma sensação de “real" ao espectador.
12. Apelo - Appeal
Uma animação é uma forma de arte semelhante aos filmes e séries de TV, e da mesma maneira que atores tradicionais, seus personagens precisam ter apelo ao público e carisma. É por isso que a Disney tem como hábito escolher grandes atores para dublar seus personagens - como Robbin Williams dando vida ao Gênio em Aladdin - mas a voz não é nada sem que o desenho e a animação sejam marcantes. Por isso esse princípio diz que é necessário criar personagens com características físicas e hábitos que façam com que o público goste deles.
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